terça-feira, 7 de abril de 2009

CEPEA/USP ANALISA IMPACTO DO MILHO TRANSGÊNICO NO PAÍS

A safra 2008/2009 será a primeira do Brasil que conterá, pelo menos legalmente, parte da sua produção originária de sementes GM - geneticamente modificadas. Pesquisadores do Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP, analisaram os possíveis impactos desta nova tecnologia no mercado e concluíram que a introdução do milho transgênico no país pode ocorrer de forma tranqüila nos principais segmentos consumidores, a exemplo do que aconteceu com a soja. Para os pesquisadores que conduziram o estudo, Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho e Lucilio Rogerio Alves, os benefícios aos produtores é que determinarão a velocidade da difusão desta nova tecnologia. A pesquisa é fundamentada no estudo das legislações vigentes em países importadores do grão e de carnes brasileiros, e em levantamentos junto a agentes dos principais segmentos consumidores de milho no Brasil. Foi de grande importância também a análise da reação, em especial do segmento de rações para animais, à soja GM introduzida no mercado brasileiro no final da década de 1990. Com base neste histórico, os autores acreditam ser pouco provável que haja resistência por parte dos consumidores brasileiros e, consequentemente das redes de comércio varejista e processadores de alimentos em relação à adoção do milho transgênico.
Segundo o estudo, o segmento agroindustrial do milho ligado à alimentação humana é aquele que parece ser mais sensível à introdução da nova tecnologia e tem manifestado cautela com relação ao assunto. Este setor, no entanto, teria condições de praticar a segregação do produto se necessário para clientes dispostos a pagar um prêmio de preço para produtos com garantia de ser não transgênico.
Quanto ao impacto potencial nas exportações brasileiras de milho e carnes, que tem sido crescentes, a análise dos principais mercados para os quais o Brasil exporta mostra que também não deve haver problemas. Em primeiro lugar, destacam os pesquisadores, a maioria dos países importadores de milho do Brasil em 2007 (Irã, Coréia do Sul, Espanha), por exemplo, também importa milho ou soja dos Estados Unidos, onde a utilização da tecnologia GM já é antiga, ou produz milho ou outros produtos transgênicos, como é o caso da Espanha. Os pesquisadores ressaltam que, em nível mundial, ainda está em discussão a obrigatoriedade de os países segregarem e identificarem as cargas transgênicas no comércio internacional e ainda não há consenso a respeito da forma de rotulagem de produtos destinados aos consumidores. Na prática, é o comprador quem determina o percentual máximo aceitável de material transgênico no carregamento, quando é o caso. Além disso, o cliente pode estabelecer a necessidade de segregação, rastreabilidade e preservação de identidade dos produtos adquiridos, desde que esteja disposto a pagar pelos custos adicionais associados, comentam.

Consumo interno de milho
Com base em informações da Abimilho - Associação Brasileira das Indústrias do Milho, os pesquisadores apontam que cerca de 80% de todo o milho produzido no Brasil foi consumido sob a forma de ração nos últimos anos, com pouco mais de 10% da produção total sendo destinada para uso industrial e para consumo humano direto, proporção que segue estável desde o início da década de 80. A resposta do segmento produtor de rações para animais à introdução do milho GM é, portanto, determinante para a cadeia do produto no Brasil, enfatizam os professores.
Eles reiteram que esse segmento tem experiência na utilização de soja GM para a produção de ração e que não houve, desde a introdução da soja transgência, no final da década de 1990 no Brasil, qualquer reação ao seu uso para ração animal.

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